1 Fev |17h | Anfiteatro da FPCE-UL
Conferências:
Thomas S. Popkewitz
Cosmopolitanismo, Currículo e Reformas do Ensino. A construção da sociedade através da construção da criança
Nesta conferência Thomas S. Popkewitz trata da produção cultural do cidadão e centra a sua análise nas teses cosmopolitas acerca da construção da infância que reiteram uma esperança global na existência de uma humanidade unificada em torno dos princípios da razão e da hospitalidade com o Outro. Discute tanto essa visão idealizada da alteridade, que projecta um horizonte de unidade e coesão social, quanto as divisões e as hierarquias presentes nos processos de construção do Outro como Mesmo. Sucedem-se e multiplicam-se aos olhos de todos os discursos sobre o perigo, a degenerescência e a redenção. O imigrante urbano, em situação de desigualdade, e as crianças deixadas para trás na escola ou em situação de risco constituem os alvos da expertise científico-social contemporânea. Para Popkewitz importa compreender como esse processo de normalização se interliga com o status dos indivíduos e dos grupos que se encontram nessa espécie de limbo entre espaços de inclusão e exclusão: é-lhes reconhecido o direito à cidadania, mas são permanentemente inscritos como diferentes e excluídos em virtude dos seus estilos de vida.
Alfredo Veiga-Neto
Crise da modernidade e inovações curriculares: da disciplina para o controle
Dentre todas as transformações por que passou o currículo desde a sua invenção no final do século XVI, estamos hoje vivendo as maiores e mais radicais mudanças nos quatro elementos constitutivos desse artefato escolar: o planejamento dos objetivos, a seleção de conteúdos, a colocação de tais conteúdos em ação na escola e a avaliação. Argumentando que tais transformações da educação escolar — e especialmente as assim chamadas inovações curriculares — são “sintomas implicados” da agudização contemporânea daquilo se costuma chamar de “crise da modernidade”, colocarei em breve discussão uma das mudanças ou transformações curriculares que estão hoje em curso. Mais especificamente, tratarei da mudança de ênfase nas lógicas curriculares: da ênfase na disciplina para a ênfase no controle. Tal mudança conecta-se intimamente com as relações entre a liquidez do pós-moderno e a flexibilidade com que hoje é pensado e tratado o currículo. Assim, tomo as transformações curriculares como manifestações —no âmbito da educação escolarizada — das profundas, rápidas e generalizadas mudanças que estão ocorrendo na passagem do moderno para o pós-moderno — no âmbito da política, da cultura, da economia, do pensamento, da sociedade. Como sabemos, essa passagem do moderno para o pós-moderno tem sido entendida como uma profunda crise da razão, também chamada, por alguns, de crise ou ruptura dos paradigmas.
Comentários:
António Nóvoa
Jorge Ramos do Ó